Olho a minha vida hoje como quem contempla uma tempestade.
Lampejos e raios, chuva densa, cheiro de infância. Lá, no olhar ingênuo, me
imaginava exatamente aonde estou. Sem tirar nem pôr. Olhava como olho agora:
admirada e feliz. Lembro do meu pai me chamando pra ir até a janela e ver a
chuva chegando por uma montanha a nossa frente. Havia – e há – poesia nisso.
Ela vinha, varrendo pelo céu com suas gotas e raios. Ao chegar pela janela, a
música natural de um ritmo desconhecido dava o tom. A majestade chuva passaria.
Como tudo passa, os anos varreram pelo tempo o que fui sem apagar o que sou. E,
agora, contemplo a tempestade com um olhar sereno e desperto na transitoriedade
da minha própria existência.
Tempestade, Vida, Impermanência.
Tempestade, Vida, Impermanência.
(Celóka, 2016)
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